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Ferrugem: A clássica história de cyberbullying

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Trazendo uma clássica história de cyberbullying, Ferrugem, grande vencedor de melhor filme no Festival de Gramado, trás duas visões dentro de uma só história. O longa mostra a visão do agressor e do agredido, porém mantendo uma linha de tempo linear.

Aparentemente a parte introdutória do filme tem um ritmo um pouco mais rápido, e mostra mais a interação do jovem com os celulares e internet, partindo logo depois para um clima um pouco mais pesado, trazendo o roteiro para um lado mais reflexivo e ainda mais delicado. Um bom detalhe a se pensar, é que diferente de como se espera, a vida do agressor é muito mais trabalhada e demonstrada do que a pessoa que sofreu o abuso virtual. Nem sempre a popularidade vem acompanhada de boas coisas ou até mesmo é uma popularidade desejada e muitos adolescentes nos dias de hoje não tem esse entendimento, creem ser apenas uma brincadeirinha.

Com uma severa crítica ao uso dos celulares pelos jovens, o assunto já é abordado logo na primeira cena, onde dentro de um aquário, durante um passeio da escola, todos os alunos estão com celular na mão, tirando foto de uma sereia, algo que rende postagem e likes, diferente de prestar atenção na aula sobre espécies aquáticas.

Algumas falhas dentro do enredo, podem trazer um incômodo dentro de uma história tão real, como por exemplo: não localizar o celular por simples rastreamento, que hoje em dia qualquer empresa faz. Porém, como falado anteriormente o filme apresenta grande verdade em seu drama, que em alguns momentos vira um quase suspense, diante de tanta tensão e angústia.

O diretor Aly Muritiba (ex-professor de história e ex-agente penitenciário) comentou ter pensado muito nos filhos na execução do longa, que surgiu também a partir da vontade dele de falar com os adolescentes. Detalhista em vários momentos, podemos enxergar realmente o universo de um adolescente, tanto no uso de memes em redes sociais, quanto na decoração, vestimentas e linguajar.

Mesmo não colocando superioridade em nenhum dos personagens principais, o longa acaba tirando um pouco do discurso revelando o agressor, o que acaba trazendo outras questões familiares para serem abordadas, como pais e mães ausentes, responsabilidade, proteção e até mesmo a falta de caráter.

O filme traz uma nova safra de atores, numa obra que aborda um tema em alta e que precisa ser falado para sua prevenção.

 

Mariane Barcelos
Mariane Barcelos
Designer de Moda que não liga para tendência. Apaixonada por música e cinema. Colunista, critica de cinema e da vida dos outros também. Tudo em dobro por favor, inclusive café, pizza e cerveja.

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