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Bruce Gomlevsky fala sobre sua relação com a obra de Renato Russo

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Há 12 anos em cartaz, “Renato Russo – O Musical” combina grandes sucessos do ícone do rock nacional com a dramaturgia de Daniela Pereira de Carvalho e direção de Mauro Mendonça Filho. O monólogo musical protagonizado por Bruce Gomlevsky, acompanhado da banda Arte Profana, ilustra com 22 canções o espetáculo que é uma grande homenagem ao músico, poeta e vocalista da Legião Urbana.  A história de Renato Russo é retratada desde a juventude “punk” em Brasília, quando fundou a banda Aborto Elétrico. Confira abaixo nossa conversa com o ator e músico Bruce Gomlevsky.

Você faz uma homenagem muito bonita em cena. Incorpora o Renato de uma forma tão visceral e emotiva. Gostaria de saber como foi o processo de construção do personagem?
Bruce Gomlevsky – Tem tanto tempo, já, né são doze anos. Há exatamente 15 anos atrás, em outubro de 2006, a gente estreou. Foram dois anos de preparação, desde 2004 a 2006, a partir de um trabalho de pesquisa minucioso, com entrevistas de amigos e familiares. Eu assisti todo o material em vídeo disponível existente sobre ele, muitas entrevistas. Foram dois anos de preparação para criar a dramaturgia do espetáculo e para eu construir a personagem.

Foi uma imersão praticamente.
Bruce Gomlevsky – Sim, foi um mergulho intenso e profundo na obra e na vida do Renato.

É um personagem muito visceral, que exige muito de você no palco. Você tem algum processo de desconstrução?
Bruce Gomlevsky – Cara, comigo é só tomar um banho e tirar a maquiagem. Não tem muito essa coisa de incorporar, como as pessoas falam. Eu nunca tinha feito um espetáculo que chegasse tão perto do público. É uma experiência catártica! Elas ficam muito chocadas e surpresas.

No palco você tem liberdade para construir ou é tudo muito preciso?
Bruce Gomlevsky – É exatamente a mesma estrutura há doze anos. O que muda é o fato da gente ter feito apresentações ao ar livre, nas grandes capitais, que muita vezes acaba virando show, e ai entram músicas que não estão na estrutura da peça. Já cheguei a voltar seis vezes para o Bis.

São doze anos de espetáculo, como ele influencia na sua vida?
Bruce Gomlevsky – Na verdade, eu cresci ouvindo, né, desde os meus nove, dez anos. Eu venho dessa geração que cresceu ouvindo, daquela geração de bandas dos anos 80, como Plebe Rude, Os Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho. Isso faz parte da minha formação mesmo, né. Eu já tinha uma afinidade imensa, mas eu nunca fui àquele fã fundamentalista.

Como você se relaciona com as músicas do Renato Russo? Existe uma identificação maior?
Bruce Gomlevsky – Na verdade, eu o redescobri e fiquei muito surpreso com a atualidade dele, com a atemporalidade dele, como ele continua universal. As letras são muito contundentes até hoje. Além de ser uma coisa que se passa de pai para filho.

O Renato é um poeta. Ele deixou um marco na geração de 80 e 90.
Bruce Gomlevsky – Olha, eu acho que por isso ele sobrevive até hoje. Ele é um grande poeta, o maior porta-voz dessa geração, que continua arrematando plateias. Tem uma nova geração ouvindo, né.

Como você vê a cena musical brasileira atual?
Bruce Gomlevsky – Infelizmente, não tem uma cena de rock atuante, tem gente interessante na MPB, mas a cena de rock como nos anos 80, não existe mais. Eu lamento isso! Sou roqueiro, adoro rock, então é uma pena não ter uma cena de rock atual.

Reprodução da Internet

O Cazuza, assim como Renato Russo, era um poeta controverso e rebelde. Eles são dois marcos dentro da musica brasileira com vertentes diferentes ao mesmo tempo em que são muito parecidos. Você vê afinidade entre a obra deles?
Bruce Gomlevsky – Eu acho que os dois são grandes porta-vozes!  O Renato flerta mais com o punk rock, já o Cazuza, mais com a MPB, mas os dois são importantíssimos, são essencialmente dois poetas. E isso faz falta hoje.

Eu acho que o Renato tem uma característica muito interessante, que ele conseguia ser extremamente popular, comercial e ser extremamente culto. Era erudito, entendia muito de musica, de arte, de cinema, literatura,…, ele conseguia equilibrar esses dois lugares. Ele é um dos poucos artistas que conseguiam esses dois vetores. Ele tinha uma sede de conhecimento e saber enorme! Isso é cada vez mais raro nesse mundo superficial e mediocrizado que a gente vive. Com certeza é algo que eu admiro e tomo como exemplo. Poder se interessar por diversas formas de manifestações artísticas.

O Renato é um exemplo de cultura, de um movimento cultural, na verdade.
Bruce Gomlevsky – Ele é enciclopédico!

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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