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A Febre explora as peculiaridades da cultura indígena em uma trama ficcional

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Maya Da-Rin representa a cultura indígena com humanidade.

 Justino é um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Com o passar dos dias, Justino é tomado por uma febre forte. Durante à noite, uma criatura misteriosa segue seus passos. Durante o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho. Porém, sua rotina no porto é transformada com a chegada de um novo vigia. Nesse meio tempo, seu irmão vem de visita e Justino relembra a vida na aldeia, de onde partiu há mais de vinte anos.

O índio é retratado no cinema pelo seu viés ora histórico ora documental, poucas vezes explorando suas peculiaridades em uma trama ficcional. A Febre investe firme neste sentido, dando aos seus personagens principais o poder da fala em seu dialeto nativo.

Aliás, A Febre, de Maya Da-Rin, certamente, não é um filme comum. Como nas recentes ficções com temas de indígenas, Los silencios e Antes o tempo não acabava, A febre é singelo e genuíno ao apresentar uma família com os seus dilemas, porém a única diferença é o seu status cultural.

 Maya Da-Rin estabelece uma simplicidade como o intuito de apresentar um filme multicultural, como poucas vezes se viu no cinema brasileiro. Além disso, um dos pontos mais interessantes do filme é o fato de ser praticamente todo falado em tukano, língua-franca falada entre os povos do Alto Rio Negro, na Amazônia (sim, este é um filme brasileiro com legenda).

Selecionado em mais de 60 festivais conquistando 32 prêmios, entre eles o Leopardo de Ouro de Melhor Ator e Prêmio da Crítica Internacional FIPRESCI no Festival de Locarno, A Febre tem sua importância histórica no que se trata de reproduzir a cultura indígena. O cinema de Maya Da-Rin é representado com humanidade, enquanto a montadora Karen Akerman mostra a destreza de respeitar o tempo da formulação do destino do protagonista.

 

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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