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“EYJA: primeira parte, a ilha” no CCBB

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Em 2010, a Multifoco Cia de Teatro dava seus primeiros passos, no mesmo ano, o vulcão da geleira Eyjafjallajökull, no sul da Islândia, entrava em ebulição, paralisando o tráfego aéreo e cancelando diversos voos pelo mundo. Inspirado pelo famoso caso de impacto mundial, a Multifoco estreia “EYJA: primeira parte, a ilha” no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, o primeiro espetáculo de uma trilogia desenvolvida pela companhia.

Contemplada pelo edital de Fomento Carioca (FOCA) em 2022, a montagem, a primeira inteiramente circense da Companhia e com protagonismo de Ana Luiza Faria, uma artista deficiente visual, aborda a relação dos sujeitos como ilhas à deriva. As personagens estão numa grande jangada, um território instável, reaprendendo a compartilhar equilíbrios e coletividades.

“Em 2020, com a pandemia, cada pessoa se tornou uma ilha isolada em seus lares. As cidades se tornaram arquipélagos de pessoas em solidão, isoladas umas das outras, e foi subtraído aquilo que nos identifica como animais sociais. Dez anos separam esses dois eventos da natureza e nesse tempo surge a companhia. De alguma forma nos parece fazer sentido falar dessas solidões, dessa dificuldade de viver em coletividade, de (con)viver, de pensar como produzir acordos a partir dos encontros. Pensar, sobretudo, esse território instável da nossa sociedade – de acordos nem sempre tão explícitos, frequentemente tácitos”, sintetiza Ricardo Rocha, diretor do projeto, que prevê também duas oficinas na linguagem investigativa do espetáculo.

Formado por um coletivo de artistas com origem majoritariamente do teatro, mas com a formação em circo também atravessando a trajetória de boa parte do elenco, o espetáculo nasce da linguagem híbrida entre circo e teatro. No atual projeto, a pesquisa do coletivo se volta para um mergulho na criação de seu primeiro espetáculo inteiramente circense, com a participação de todas e todos os acrobatas da companhia. Investigando a criação autoral, por meio de números de portagens e acrobacias de solo, a montagem toma por referência o circo contemporâneo numa pesquisa de linguagem entre circo-teatro-dança.

“Há no circo um encantamento e um risco que trazem outros estímulos para a formação da atriz e do ator de teatro e é isso que buscamos: revelar a potência de cada integrante da companhia e compartilhar esses caminhos de aprendizado e formação. Por isso, “EYJA” é uma espécie de circo-teatro, uma linguagem que se fortalece da potência dessas duas artes”, sinaliza Ricardo.

Nesta primeira parte do projeto, a companhia apresenta um jogo de acrobacias e portagens, pulsões e vazios, explosões e repousos, suspensões e desmoronamento, intencionando traduzir simbolicamente a relação do ser humano com a solidão e o desconhecido. “Nosso desejo em montar este espetáculo nasce da vontade de experimentar, por meio das acrobacias e coreografias acrobáticas, uma verticalização na cena circense. Pensar por outros caminhos e maneiras de encontrar o público e também aprender a partir do intercâmbio com artistas que convidamos para o processo criativo. Ampliar horizontes. É uma trajetória desafiadora que, sem dúvida, deixará um legado importante para o nosso repertório”, pondera Rocha.

A presença de Ana Luiza Faria, artista circense e atriz com deficiência visual convidada do espetáculo, é um marco no pensamento ético / estético da Multifoco. A ideia surgiu das trocas acerca de “Sobre Trabalho ou Sobre Viver”, experiência de espetáculo digital da companhia de onde surgiram várias reflexões com Tatiana Henrique, uma das diretoras convidadas daquele projeto.

“Surgiu, então, a parceria com a Analu por meio de um depoimento dela sobre seu trabalho como artista circense cega. E ficou latente a necessidade do grupo de se posicionar, como parte ética da construção de seus trabalhos, exercitando a acessibilidade dentro e fora da cena. Trabalhar com uma intérprete cega é considerar outras formas de promover acessibilidade”, acredita o diretor da montagem.

O espetáculo é a primeira parte de um projeto que toma por referência o vulcão Eyjafjallajökull, ainda em atividade, mas adormecido sob um manto de neve e gelo. De nome islandês, significa EYJA (ilha); FJALLA (vulcão); JÖKULL (geleira). Para a Multifoco, pensar uma trilogia é pensar um projeto único que se desdobra ao longo do tempo. Após “EYJA”, a companhia estreia “FJALLA” ainda em julho deste ano e tem expectativa de desenvolver “JÖKULL” em 2024. Os três são pensados como espetáculos separados, mas são continuidades.

SERVIÇO:
Temporada: 04 a 28 de maio de 2023
Quinta a sábado às 19h | Domingo às 18h
Ingressos na bilheteria ou no site do CCBB (bb.com.br/cultura)
Classificação indicativa | 12 Anos

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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