Nostalgia na medida certa para rir e chorar!

Mussum, o filmis narra a trajetória de vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes. Trapalhão amado por todo Brasil ganha as telonas com louvor. A direção de Silvio Guindane passeia pelos fatos cruciais da sua vida: a infância pobre, a carreira militar, a relação com a Mangueira, o sucesso com os Originais do Samba, além de bastidores d’Os Trapalhões, em filme com montagem precisa e emocionante. O filme, surpreendentemente, costura as diferentes facetas desse personagem tão querido enquanto narra sua história.

Desde menino Carlinhos (Thawan Lucas) vivia pelas ruelas do Morro da Cachoeirinha, no Lins com ouvidos fascinados pelo Samba. Aliás, essa era uma das grandes questões que sua mãe era firme, mantê-lo longe das rodas de Samba, pois achava que ele merecia um futuro melhor. Porém, essa sempre foi uma batalha perdida. O Samba, certamente, já havia feito morada no coração e na cabeça de Carlinhos, que nunca deixou de lado seus estudos.

Na juventude, Carlinhos (Yuri Marçal em ótima atuação) é cabo da aeronáutica, apenas de dia. À noite, ele se transforma em Carlinhos do Reco-Reco, integrante do “Modernos do Samba” – que mais tarde seriam conhecidos como “Originais do Samba”. A vida noturna é levada às escondidas de Dona Malvina, assim como a sua jornada dupla, em que procura caminhar por dois caminhos distintos. Porém, a vida inconstante de artista e a segurança da vida militar fragmentam Antônio Carlos.

A passagem de tempo traz Aílton Graça em incrível atuação e transformação! Sua versatilidade traz à cena o nosso eterno Mussum e como sua trajetória musical foi deixada e lado para assumir de vez seu lado palhaço. “Mussum” foi batizado pelo gigante Grande Otelo nos palcos.

Além disso, Mussum, o filmis também traz as questões matrimoniais, com os filhos, o amor pela Mangueira e a relação com a bebida. Apesar de seu amor genuíno por sua família, o artista não conseguia se afastar de suas paixões com um sucesso desenfreado. Mussum, o personagem da TV era quase sempre era desenhado como “o bêbado”, não à toa.

Para contar essa história, diversas figuras conhecidas invadem a tela para orbitar a história de Mussum: Elza Soares, Alcione, Chico Anysio, Boni, Garrincha, Grande Otelo, Jorge Ben e Cartola, entre outros.

Obviamente que a direção de arte e figurino do filme merecem ser exaltados! O longa é muito bem ambientado, além de refletir a época com cores vibrantes necessárias para transportar o espectador nessa jornada de nostalgia.

 Sempre sambando entre os papéis que amava interpretar e esticando o tempo para exercer ambas as funções, Antônio Carlos Bernardes Gomes tem sua vida ilustrada com técnica e beleza digna de sua história no longa. Fato é, Mussum nunca será esquecido. Forevis em nossos corações!

*Filme visto durante o Festival do Rio 2023