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Minha Irmã & Eu é um tratado sobre o amor familiar

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Após assistir ao natalino O Primeiro Natal do Mundo, dirigido por Susana Garcia e protagonizado por Ingrid Guimarães para o Prime Video, bateu um leve desespero. “e se o nível de seu próximo encontro fosse o mesmo?”, era uma pergunta que não saía da cabeça. Duplamente feliz, a resposta veio rápido e ela provoca entusiasmo: Minha Irmã & Eu é de outra cepa, e também é uma deliciosa comédia familiar nos melhores moldes a qual Garcia nos acostumou a entregar. Além disso, nem precisaria para se posicionar, mas a homenagem a Paulo Gustavo que o filme presta, além de muito merecida (todas as homenagens a PG serão, certamente, eternamente merecidas), deixa claro que a escola que ele abriu de excelência nesse tipo de produção, não será abandonada.

Garcia trabalhou com PG em Minha Vida em Marte e na maior bilheteria da História do Cinema Brasileiro, Minha Mãe é uma Peça 3, aliás, nem o universo sabe onde eles seriam capazes de chegar juntos. A verdade é que Minha Irmã & Eu mostra que o timing presente na obra de Paulo Gustavo, desde a montagem precisa dos profissionais ao seu lado e aos diretores com quem trabalhou, não se perdeu com sua partida. Esse mesmo sentimento está em Suzana Garcia e Ingrid Guimarães, como também Tatá Werneck, coprotagonista do filme e raio de luz com a força de mil holofotes em cena. Aos 45 do segundo tempo, sua interpretação chega para destronar as certezas acerca do grupo de melhores atrizes de 2023.

Assim como vem sendo declarado, Minha Irmã & Eu é um tratado sobre o amor familiar, o reencontro de afetos perdidos, e a retomada da própria autonomia, seja na idade e no estado que for. Dirigido, escrito e protagonizado por mulheres, e sem qualquer panfleto, o filme é um libelo feminista sem pedir licença para ser – as coisas assim o são de maneira muito natural, sem pressão pública. É uma mudança de paradigma mesmo, que estejamos diante de um tempo onde mulheres podem ser felizes sozinhas ou abertamente sexualizadas, contando que isso seja de sua escolha. Que isso além de tudo não apenas provoque reflexão nas entrelinhas como gargalhadas fartas, é uma prova de que até a comédia popular nacional passou por uma mudança de status.

O trio que encabeça Minha Irmã & Eu, mais Mônica Martelli, Fabiana Karla, Julia Rabello, Thati Lopes, Evelyn Castro e tantas outras, movem atualmente um cenário de expansão no humor, que encontra uma porta escancarada para ir além do que já vimos no passado. Quando tudo o que é colocado em cima da mesa nesse roteiro (escrito a doze mãos) ganha mobilidade pelo corpo e pela performance de suas protagonistas, junto com a experiência de sua diretora, percebemos que o cenário é propício para que o melhor aconteça. Em um ano onde a comédia foi ‘participação especial’ entre as maiores bilheterias da temporada, logo ela que já protagonista absoluta, terminar esse ano e começar o próximo com algo tão cheio de qualidades quanto esse filme, é algo a se aplaudir.

A química entre Ingrid e Tatá é, certamente, invejável, e nesse caso, a amizade ajuda. Compramos a fraternidade quebrada das personagens principais muito rapidamente, e tal qual nos melhores veículos, a discrepância de personalidades promove o equilíbrio ideal ao produto. Aos poucos, vamos percebendo que Mirian e Mirelly tem muito mais uma da outra que poderiam desejar. Minha Irmã & Eu não têm medo de temperar com sabores fortes nem a comédia nem a emoção, o que Tatá faz em cena é, mais uma vez, milagroso.

Independente de ser uma das melhores comediantes da atualidade, a protagonista de Uma Quase Dupla mostra, mais uma vez, que é pecaminoso relegá-la à comédia, quando seu trabalho de atriz é completo, e de excelência em tudo a que se propõe.

Com momentos de diversão non-stop e uma delicadeza fina para tratar da força que empreendemos na reconciliação e no perdão, Minha Irmã & Eu tem na montagem de Leonardo Gouvea o elo de ligação entre todos os elementos. Com uma duração elevada para o material, o filme nunca perde o ritmo e consegue intercalar muito bem suas protagonistas, o momento brilhante de Arlete Salles no cinema (após Tia Virgínia), um grupo de convidados especiais que fazem sentido ao roteiro, e uma alegria de promover o bem estar que é raro.

Minha Irmã & Eu é daqueles títulos onde saímos leves de dentro do cinema, com a sensação de que todos cumpriram seu papel da melhor maneira possível.

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