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Baghead: A Bruxa dos Mortos, terror britânico, traz apreço pelo gótico

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Existe um subgênero de terror que vez por outra ganha um novo capítulo, e como o gênero estreia uma média de dois filmes novos por mês, fazia tempo que eu não encontrava algo como esse Baghead: A Bruxa dos Mortos, que é o terror britânico. Lendo assim, parece ser apenas uma distinção geográfica, mas os filmes de terror produzidos na Inglaterra e Reino Unido têm características comuns. A utilização de casas assombradas constantes, um certo apreço pelo gótico enquanto conceito estético, uma historicidade familiar que abarca gerações, e da união desses e outros elementos que foram realizados clássicos desde os que Alfred Hitchcock era jovem, que passa longe da categoria do mestre do suspense.

Baghead: A Bruxa dos Mortos

O filme é uma adaptação do curta homônimo lançado seis anos antes do longa de autoria do mesmo diretor, Alberto Corredor. Essas são duas únicas peças do currículo do rapaz, que cria uma ambientação até legal derivada de um universo que ele já dominava. De início promissor, Baghead nunca tenta ir além do competente em sua entrega. A história é a mais básica possível do gênero, e conseguimos perceber com clareza o que era a obra original: uma bruxa invoca os mortos e vive no subterrâneo de uma construção antiga, meio casa e meio pub. Esse é o ponto de partida quando uma herdeira se apossa do prédio, e passa a ter de interagir com a criatura (que muita gente explorou através dos tempos).

A protagonista, Freya Allan, (“The Witcher”, da Netflix), não consegue ir além de uma figura central de um filme de gênero, ao tomar muitos sustos. A estrutura da personagem é bem interessante, porque ela é uma das tantas a explorar uma mulher que foi perseguida na Inquisição. Sua personagem tem um quê amoral que subverte as cartilhas do gênero, ao escalar em tempos de sororidade uma mulher para explorar outras, dependendo de como enxergamos a relação entre ela e sua melhor amiga. Allan, no entanto, não oferece nada de mais apetitoso. O que esperamos está na nossa frente, e nada além.

Do minúsculo elenco, ninguém é maior do que Peter Mullan, e sua presença aqui é quase inexplicável. O ator vencedor de um merecido prêmio de atuação em Cannes pela magnífica performance em Meu Nome é Joe, também esteve brilhante em longas como Tiranossauro e Em Nome de Deus. Não que aqui ele não brilhe – isso é impossível para um ator dessa estatura. Mas uma produção tão mirrada nem precisava da presença de alguém tão magnânimo, e em participação tão pequena. Pelo pouco tempo que está em cena, Mullan tem os momentos mais relevantes da produção, que perde com sua saída, e ainda demonstra qual o real tamanho de suas capacidades.

Da metade em diante, Baghead apresenta a criação de uma ramificação extra na narrativa, com uma ideia crescendo e tomando espaço cada vez maior. Isso não seria qualquer impeditivo de qualidade a título algum, mas essa criação não é bem conduzida, e infelizmente vai ficando cada vez maior que a base do filme. Aliás, isso cria uma barreira incômoda na produção, que poderia estar dando espaço merecido a algo que não tem o protagonismo apresentado, mas que está pronto para roubá-lo. É uma narrativa que interessa muito mais, e que tenta ser vendida como algo surpreendente.

Dito isso, é verdade que Baghead: A Bruxa dos Mortos vai cumprir seu papel de entreter o espectador viciado em terror, até a próxima estreia – que já acontece em duas estreias, O Jogo da Morte. Apesar da personagem que ele tenta mitificar ter podido ser melhor explorada e render muito mais em cena, a pobre bruxa teve que se contentar com um filme bem aquém das capacidades que poderia apresentar tendo um roteiro que conseguisse lidar com tão pouco. Isso é o mais incrível de tudo, são poucos personagens, o universo é muito restrito, e ainda assim o filme nem chegou a metade do que poderia ser. No máximo, uma tentativa.

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