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A arte lírica e poética de Marcélia Cartaxo em Pacarrete

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Grande vencedor do Festival de Gramado em 2019, Pacarrete pulsa pelo talento de sua protagonista.

Nascida e criada em Russas, Pacarrete alimentou desde criança o sonho de ser artista e viver a vida na ponta da sapatilha, mesmo sendo de uma cidade conservadora, onde  nasceu para casar e ter filhos, mas, ao ir para Fortaleza, ela conseguiu estar no centro dos holofotes como bailarina clássica e se torna professora de ballet.

Com a aposentadoria, ela retorna para sua cidade natal onde pretende continuar seu trabalho artístico, mas só encontra desrespeito à sua arte. Em vez de plateias de admiradores e aplausos, ela se defronta com o despeito daqueles que cruzam seu caminho, assim a bailarina e professora de outrora se transforma na “louca da cidade”.

Dirigido por Allan Deberton, PACARRETE, aborda questões como a loucura, os desafios de ser artista e o drama da velhice de uma bailarina clássica, que gosta de ser chamada de Pacarrete – “margarida” em francês, com atuação incrível de Marcélia Cartaxo. Aliás, Allan Deberton coloca na tela todas as lembranças da época, do lugar, “de quando ouvi falar dela pela primeira vez”, lembra o diretor. Assim, Pacarrete tornou-se um filme “movido por uma locomotiva de sensações”, ele explica.

A câmera de Deberton caminha pela destreza da caixinha de musica guiada pela bailarina que ali existe, e se manifesta através caricatura peculiar construída por Marcélia Cartaxo, lindamente, com seu trabalho de corpo. A atriz, que, de fato, carrega o filme nas costas, não só por ser a protagonista dele, tem uma presença descomunal em todos os quadros da câmera. A excentricidade da personagem é lírica e poética, acredite, se quiser!

Pacarrete é um estado de espírito, que por ironia do destino foi filmado na cidade de Russas, o que me faz lembrar do famoso Ballet de Bolshoi.

O filme ainda conta com a participação do ator João Miguel é mais um detalhe importante pra se prestar atenção. Pacarrete é daqueles filmes que dá gosto de assistir. Cheio de diálogos inspirados, pelo elenco afinado e por uma Marcélia Cartaxo soberba!

É impressionante como cada elemento funciona e brilha dentro desta narrativa. E mais do que isso Deberton guarda trunfos na manga como a inserção da canção “We Don’t Need Another Hero”, de Tina Turner, com direito a mensagem implícita à narrativa, ou mais ainda no contundente desfecho, e que desfecho, hein, é impossível não se emocionar com  Marcélia Cartaxo (de novo), dançando lindamente num encontros entre cenários muito bem montados.

Pacarrete é um belíssimo filme, com uma potência absurda, que pulsa pelo talento de sua protagonista!

O filme foi o grande premiado do 47o Festival de Cinema de Gramado, ganhador de 8 Kikitos. Desde então, já coleciona vinte e sete prêmios em festivais de todo o mundo.

O filme estreia nas plataformas digitais dia 7 de janeiro.

 

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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