- Publicidade -

Fernanda Schein comenta as principais indicações ao OSCAR 2023

Publicado em:

Fernanda Schein A premiação mais cobiçada do cinema está chegando! Conversamos com a cineasta Fernanda Schein que nos revelou suas apostas. Profissional e apaixonada pela sétima arte, a cineasta Fernanda Schein, parte do time de editores de grandes produções da Netflix como “Neymar: O Caos Perfeito” e responsável por curtas envolventes e premiados como I See You, comentou as indicações.

Do interior do Rio Grande do Sul para Los Angeles, a cineasta e editora Fernanda Schein já atuou em diversos projetos importantes do cinema e da publicidade. Fez mestrado na New York Film Academy e a partir daí, fez parte da produção de projetos como o filme Forbidden Wish, melhor longa pelo Santa Monica Film Festival disponível no Prime Video , além de outras produções independentes como The Boy in The Mirror, vencedor do prêmio de melhor curta-metragem no California Women’s Film Festival.

Antes de mais nada, preciso perguntar quando começou a sua relação com o cinema?
Fernanda Schein – Minha Avó e meu tio sempre foram apaixonados por cinema, e meu tio era publicitário e produtor de cinema e TV. Então quando eu comecei a perceber que gostava e me interessava por atividades mais criativas, eles me incentivaram muito a contar histórias e ir atrás das minhas curiosidades. Minha família sempre me deu muito apoio.

A temporada de filmes indicados a maior premiação cinematográfica está à todo vapor, revelando grandes tramas, gostaria de saber como você define uma boa narrativa? E como isso te influencia na construção das obras em que você trabalha?
Fernanda Schein –  Que pergunta interessante e difícil! Tem tantas formas de responder essa questão. Por uma perspectiva técnica e teórica, uma boa narrativa segue uma estrutura de 3 atos com 2 pontos de virada na história e diversos conflitos e obstáculos no caminho de um personagem buscando seu objetivo. Nessa temporada do Oscar, um exemplo desse tipo clássico de estrutura é Top Gun: Maverick. Spielberg disse recentemente que Tom Cruise pode ter salvo a indústria das Salas de Cinema com essa filme. Aliás, Cruise, como produtor e estrela do filme, retornou a uma estrutura narrativa clássica, mas a executou com uma excelência absurda, e fez uma bilheteria com há tempos não se via na nessa era do streaming. Mas, por uma lente mais orgânica, uma boa narrativa é aquela que te prende do início ao fim, faz você se importar e torcer pelos personagens, e empatizar com histórias que talvez estejam totalmente diferentes da sua realidade. Citando outro exemplo, Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, desafia tudo que que conhecemos sobre estrutura e formato, não só do cinema mas como do Universo.

Eu amo buscar esses contrastes para sempre me lembrar que o formato clássico existe porque ele funciona, mas que uma boa história contada com autenticidade também pode funcionar de diversas formas. Basicamente, conheça as regras mesmo se não quiser segui-las.

E já que estamos falando de OSCAR, quais são os seus favoritos e porquê?
Fernanda Schein –  Os dois que citei acima, exatamente por esse contraste. Ambos shows cinematográficos de formas completamente diferentes uma da outra. E além deles, Os Fabelmans. Eu não escondo o quanto eu amo o trabalho do Spielberg, e com esse filme ele falou diretamente com todas as pessoas que cresceram apaixonadas por histórias, sempre procurando uma maneira de levá-las pro mundo. Eu me identifiquei e me enxerguei naquele filme, e a direção é linda. Sem spoilers: o último plano do filme é um exemplo perfeito da sutileza da direção dele!

Aliás, preciso comentar sobre o retorno triunfal de Brendan Fraser, em A Baleia, de Darren Aronofsky. Como você vê este retorno diante de um diretor tão cultuado?
Fernanda Schein – É sempre incrível o retorno de um artista que conta histórias tão sagazes. O que eu adoro no Aronofsky é que ele é pragmático com sua direção, muita gente diz até que ele é pretensioso. Eu gosto de achar que ele é filosófico, ele sempre procura que o tema do filme seja ainda mais profundo do que a história parece de início. Eu amo Cisne Negro e Réquiem Para um Sonho por causa disso, as temáticas sociais por trás da história e ele fez isso de novo adaptando a peça A Baleia para o cinema, e acho que o momento foi perfeito.

Dentro de toda tristeza e frustração daquele personagem, o que ele mais busca nas pessoas é autenticidade, é o que ele encoraja na filha e nos alunos. A dizer o que sentem, o que realmente pensam, não o que se acha que as pessoas querem ouvir. Uma realidade verdadeira, mas muito difícil de por em prática. É, certamente, um filme que te desafia emocionalmente.

Uma das surpresas dos indicados foi o longa Triangulo da Tristeza, de Ruben Östlund. Qual é a importância da crítica social na construção do cinema cult?
Fernanda Schein –  Ah, que filme genial! Aflitivo, angustiante, mas genial. É um filme feito para provocar egos, isso é fato – e por isso só já ganha seu valor social. Aquela história questiona muito nosso papel na sociedade, e o valor que nós achamos que nosso intelecto tem. Principalmente nesse mundo hierárquico, onde você precisa ir pra escola, depois pra faculdade, depois para o Mestrado, depois pro doutorado etc.

 O filme te passa a (falsa) impressão que talvez seu intelecto seja mais valioso que o de outras pessoas, dentro da ordem social que você conhece. Aí vem um filme desses e te mostra que basta um desastre que mude as prioridades de um grupo, e outras habilidades manuais e intelectuais que você desprezava podem ser essenciais para sua sobrevivência, basta um fator mudar para você depender de quem antes podia depender de você. Isso coloca em perspectiva o ego de todos nós. É uma reflexão muito valiosa. Que satisfação ver um filme assim ganhando espaço.

Por fim, vamos falar de TÁR, protagonizado por Cate Blanchett. Dirigido por Todd Field, o longa depende completamente da atuação de Cate, que, aliás, está magistral em cena. Como a relação entre ator e diretor é capaz de construir a narrativa de um filme? Além disso, podemos dizer que o filme não seria o mesmo sem Cate Blanchett?
Fernanda Schein – A relação do ator com o diretor é como do Maestro com os músicos, usando o exemplo do próprio filme. É preciso de muita dedicação de ambos os lados, conexão e sintonia. Também muita confiança. Nas entrevistas e nos festivais a gente tem visto que eles realmente trabalharam muito juntos e confiaram muito um no outro. O resultado é visível e o filme é muito tocante. Essa é a beleza do cinema, é colaborativo. A partir do mesmo roteiro, se você troca os profissionais, o filme pode ser completamente diferente – a versão de Tár que Field e Blanchett entregaram, só eles poderiam fazer.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
3.870 Seguidores
Seguir
- Publicidade -